terça-feira, 10 de outubro de 2017

SOBRE A VELHICE

A velhice psicológica em geral, nos atinge antes da física. Uma das falácias da idade é a ideia de sabedoria ou conhecimento, se afirma sobre os velhos serem detentores de conhecimento, muito longe disso, não apenas hoje, mas há muito, o conhecimento muda em tal ritmo, que ninguém o detém, apenas é transpassado por ele. Sempre afirmei, um velho que nada estuda nada sabe. Um jovem que muito lê, está a construir sua sabedoria. A tola afirmação de que a idade trás sabedoria, já foi responsável por envelhecer mais pessoas, do que os anos o fez, essa tola crença de associar idade a conhecimento, faz com que muitas pessoas se “emburreçam” cada vez mais ao envelhecer, pois deixam de se preocupar com o aprendizado, e a falta de exercício os torna incapaz de lembrar o que já haviam aprendido, em alguns casos chegam a ser incapazes de manter a sanidade mental e a capacidade racional.
A confiança na sabedoria da velhice tem como certa consequência o desenvolvimento de pessoas cada vez mais ignorantes, a idade nada trás alem da proximidade com a morte, o que trás conhecimento é a busca por ele, e o que trás a sabedoria é à vontade e empenho em pensar. Nada disso tem relação intrínseca com a idade. Envelhecemos justamente porque cremos nos benefícios da idade, nos tornamos imbecis, por parar de estudar, aprender e ler, acreditando que a idade trás sabedoria. Nos tornamos débeis fisicamente, por preguiça de nos exercitarmos, e usamos como desculpa, a afirmação, que em nossa velhice, nos cabe dedicarmo-nos aos exercícios mentais, mas mesmo esses foram abandonados, pela mencionada tolice de acreditar que ser mais velho equivale a ser mais sábio. Não foram poucas as vezes que pedi a meus colegas de sala explicações a respeito do que me era desconhecido, considerando que em minha sala de aula universitária sou o mais velho, se a idade alguma sabedoria trouxesse, não seria lógico nada perguntar aqueles que são muito mais novos que eu. O que dizer de meus professores, que em geral mais novos que eu, e ainda assim doutores em áreas que ainda engatinho?
Não exalto a juventude, nem dela sinto falta, fase que passou, me ensinou e consequências deixou, de bom grado aceito a idade que vem se achegando, uma dor aqui, um problema de saúde ali, me cuido e tento recuperar parte do que perdi por decisões duvidosas, me alimento dentro do que considero saudável e prático exercícios, físicos e mentais. Mas uma coisa é certa, aceito de bom grado cada ano que chega, sem apressa-los, nem tentar retarda-los. Não me vanglorio da idade, nem lamento por ela, apenas aceitos as novas limitações que vão se apresentando, e aproveito o conhecimento que vou adquirindo, boa parte dele, com pessoas mais jovens do que eu.

Embasado em Cícero.

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